Conceito de transtorno de apego reativo:
O Transtorno de Apego Reativo (TAR) é uma condição clínica que afeta crianças pequenas, caracterizada por comportamentos sociais anômalos que refletem um ambiente de negligência que interfere no desenvolvimento dos padrões normais de apego. Essa condição tem suas bases na teoria do apego, que descreve como a qualidade do vínculo emocional entre a criança e seus cuidadores primários influencia seu desenvolvimento emocional e social.
Fatores desencadeantes do transtorno de apego reativo:
As causas estão diretamente ligadas a cuidados patológicos, incluindo negligência emocional e abuso físico, que prejudicam a capacidade da criança de formar vínculos sociais adequados. Este transtorno pode se manifestar de duas maneiras principais:
- tipo inibido: caracterizado por dificuldades persistentes em iniciar ou responder adequadamente às interações sociais.
- tipo desinibido: há sociabilidade indiscriminada com pouca ou nenhuma seletividade nas relações interpessoais.
Diagnóstico clínico do transtorno de apego reativo:
O diagnóstico muitas vezes envolve observações durante o que é conhecido como "procedimento de situação estranha". Esse procedimento avalia como a criança reage a uma breve separação e subsequente reencontro com seus cuidadores. A partir dessas observações, os pesquisadores classificaram padrões de apego como seguro, inseguro ou desorganizado, sendo que crianças com apego seguro tendem a ver seus cuidadores como emocionalmente disponíveis e são mais propensas à exploração do ambiente e ajuste emocional saudável.
Essas crianças frequentemente apresentam baixa atividade física, diminuição na expressão emocional e parecem tristes, abatidas desinteressadas ou apáticas, com redução na iniciativa de interação. Algumas exibem vigilância excessiva. Podem ter reações atrasadas a estímulos que normalmente provocariam medo. Achados físicos incluem peso abaixo do terceiro percentil e abaixo do adequado para a altura, tônus muscular reduzido, pele fria e pálida. Laboratorialmente, são geralmente normais, exceto por sinais de desnutrição. A idade óssea tende a ser atrasada.
O diagnóstico clínico é estabelecido antes dos 5 anos de idade, com base na observação de comportamentos sociais inadequados e evidências de cuidados patogênicos que não atendem às necessidades emocionais e físicas básicas da criança. É crucial para os médicos considerarem não apenas o ambiente cuidador, mas também fatores como o temperamento da criança e a dinâmica específica da relação cuidador-criança ao avaliar e tratar esses pacientes. Essa abordagem holística pode ajudar a melhorar o prognóstico da criança através de intervenções precoces e suporte contínuo.
Impactos do transtorno de apego reativo:
É importante destacar que o impacto vai além da infância, influenciando a capacidade futura da criança de regular emoções, estabelecer relações interpessoais saudáveis e alcançar marcos de desenvolvimento adequados. Estudos de acompanhamento indicam que crianças com padrões inibidos de TAR, quando adotadas por famílias que oferecem cuidados afetuosos e estáveis, tendem a normalizar seus comportamentos de apego ao longo do tempo. Por outro lado, crianças com padrões desinibidos geralmente persistem em comportamentos problemáticos, mesmo quando se apegam aos novos cuidadores.
Diagnóstico diferencial do transtorno de apego reativo:
No diagnóstico diferencial é essencial considerar outras condições psiquiátricas que podem surgir em contextos de maus-tratos, como transtornos de estresse pós-traumático e transtornos do desenvolvimento da linguagem. Além disso, deve-se diferenciar o TAR de condições como transtornos do espectro autista e retardo mental, que apresentam características distintas em relação ao desenvolvimento social e físico da criança.
Prognóstico do transtorno de apego reativo:
O prognóstico é variável e depende da duração e gravidade dos cuidados patológicos recebidos pela criança, assim como de intervenções precoces e a qualidade do suporte oferecido à família. Crianças que experimentam negligência crônica e patológica têm maior probabilidade de desenvolver complicações.