1. Como é feito o diagnóstico do transtorno de Tourette?
O diagnóstico de Tourette é feito quando o paciente apresenta múltiplos tiques motores acompanhados de pelo menos um tique vocal. Desse modo, esses tiques podem ocorrer ao mesmo tempo ou em momentos diferentes. Logo, de acordo com o DSM-IV-TR, os tiques devem acontecer várias vezes ao dia, quase todos os dias, ou de forma intermitente por mais de um ano. Além disso, os sintomas precisam ter começado antes dos 18 anos.
2. Qual é a idade mais comum de início dos tiques?
A idade média de início dos tiques é de 7 anos, mas eles podem começar a aparecer a partir dos 2 anos. Por isso, o diagnóstico só é feito se os sintomas surgirem antes dos 18 anos.
3. Onde os tiques se manifestam inicialmente e como eles progridem?
Os primeiros tiques geralmente aparecem na face e no pescoço. Porém, com o tempo, os tiques podem se espalhar para outras áreas do corpo, como os braços, as mãos, o tronco e as pernas. Somado a isso, eles também podem afetar o sistema respiratório e o aparelho digestivo. Nesse sentido, exemplos de tiques incluem piscar, enrugar o nariz, fazer caretas, torcer o pescoço e estalar os dedos. Também podem surgir sons como fungar, tossir, assobiar ou pigarrear.
4. Quais ferramentas podem ser usadas para avaliar o transtorno de Tourette?
Diversos instrumentos de avaliação podem ser usados, como o Tic Symptom Self Report, um questionário de autorrelato, e a Yale Global Severity Scale, que é aplicada por médicos para medir a gravidade dos tiques.
5. Quais são os sintomas comportamentais que podem aparecer antes dos tiques?
Antes do surgimento dos tiques, muitos pacientes podem apresentar sintomas como irritabilidade, dificuldade de concentração e baixa tolerância à frustração. Por essa razão, em alguns casos, esses pacientes recebem o diagnóstico de TDAH antes do diagnóstico de Tourette, e cerca de 25% dos pacientes com Tourette já foram tratados com estimulantes para o TDAH.
6. O que é coprolalia e qual a sua relação com o transtorno de Tourette?
A coprolalia é a manifestação involuntária de palavras ou frases obscenas, e ocorre em cerca de um terço dos pacientes com Tourette. Portanto, esse sintoma costuma aparecer na adolescência e pode, em casos mais graves, resultar em complicações sociais e físicas, como ferimentos causados pelos tiques.
7. Quais outros sintomas são comumente associados ao transtorno de Tourette?
Obsessões, compulsões, impulsividade e dificuldades de atenção são frequentemente associados ao transtorno de Tourette. Nessa lógica, os problemas de atenção geralmente surgem antes dos tiques, enquanto os sintomas obsessivo-compulsivos tendem a aparecer depois. Sendo assim, em alguns casos, a incapacidade de controlar certos comportamentos ou pensamentos pode levar a consequências sociais negativas.
8. Existe algum exame laboratorial para diagnosticar o transtorno de Tourette?
Atualmente, não há um exame específico que confirme o diagnóstico de Tourette. No entanto, alguns pacientes podem apresentar alterações no eletroencefalograma (EEG). Além disso, exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM), raramente mostram anormalidades estruturais, embora cerca de 10% dos pacientes apresentem alterações inespecíficas nesses exames.
9. Critérios diagnósticos do DSM-IV-TR para transtorno de tourette:
A. Presença de Tiques Motores e Vocais
É necessário que o paciente apresente múltiplos tiques motores, acompanhados por pelo menos um tique vocal em algum momento da doença. Esses tiques não precisam ocorrer ao mesmo tempo. Um tique é definido como um movimento ou som repentino, rápido, recorrente, não ritmado e estereotipado.
B. Frequência e Duração dos Tiques
Os tiques devem ocorrer várias vezes ao dia (geralmente em episódios rápidos) quase todos os dias, ou de forma intermitente, por mais de 1 ano. Durante esse período, não pode haver uma pausa completa nos tiques que dure mais de 3 meses consecutivos.
C. Idade de Início
Os sintomas devem ter início antes dos 18 anos de idade.
D. Exclusão de Outras Causas
Os tiques não podem ser atribuídos ao uso de substâncias (como estimulantes) ou a outra condição médica (como a doença de Huntington ou encefalite pós-viral).