No Brasil é reduzido o investimento em políticas públicas que possibilite uma longevidade com qualidade para os idosos.
Isso favorece também o aumento da violência nessa faixa etária, já que estudos mostram que milhões de idosos no mundo são vítimas diárias de violência decorrente de golpes com objetos, pequenos empurrões, que podem resultar em fraturas, queimaduras e ferimentos.
Neste texto iremos explicar melhor alguns sinais de violência na terceira idade e como atuar nessas situações. Boa leitura!
Introdução:
O idoso que aparentemente sofre mais violência é, na sua maioria, do sexo feminino, solteira/viúva, tem 75 anos ou mais, baixa escolaridade e apresenta alguma doença neurológica, reumática ou psiquiátrica.
A violência parece revelar ao idoso o sentimento de incapacidade em lidar com os filhos, os netos, o(a) companheiro(a) e em enfrentar o mundo que o cerca. Isso o leva a solidão e ao isolamento crescente.
Portanto, as marcas da agressão contra o idoso não são apenas físicas, mas, sobretudo, psicológicas.
Fatores de riscos:
- Quando existe dependência pelo declínio cognitivo, a perda de memória ou dificuldades motoras para realizar atividades do cotidiano;
- A pobreza: pode levar a falta de cuidados básicos com a alimentação e/ou higiene;
- Quando possui auxílio de apenas uma pessoa;
- A procura de cuidados médicos constantes;
- Quando há repetidas ausências às consultas agendadas;
- Explicações improváveis sua ou de seus familiares para determinadas lesões e traumas;
- 3 (três) ou mais quedas por ano podem ser indicador de existência de violência.
Como realizar o acolhimento da vítima?
- Oferecer atendimento humanizado;
- Deve ser realizado por toda a equipe;
- Tratar o paciente como gostaria de ser tratado;
- Tratar o usuário com respeito e atenção;
- Disponibilizar tempo para uma conversa tranquila;
- Manter sigilo das informações;
- Proporcionar privacidade;
- Notificar o caso;
- Colocar-se no lugar do paciente;
- Evitar a revitimização;
- Não fazer perguntas indiscretas;
- Não emitir juízo de valor;
- Afastar culpas;
- Validar o sofrimento;
- Ter conduta profissional frente à demanda do usuário, correspondendo às suas expectativas e necessidades.
Você sabe atuar em casos específicos, como: violência física, sexual ou psicológica?
Fique ligado(a) que iremos explicar a forma de atuar em cada uma dessas violências!
Violência física:
Procedimentos
- Fazer exame clínico;
- Realizar anamnese (com quem reside, se é dependente de cuidados ou se tem vínculo afetivo com a família);
- Encaminhar o paciente para acompanhamento social e psicológico.
Notificação
- Preencher e dar andamento às 3 (três) vias da Ficha Única de Notificação;
- Anexar uma via da Ficha ao prontuário;
- Encaminhar uma via da Notificação à Delegacia de Polícia;
- Encaminhar uma via para o Serviço Social ou Programa de Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência;
- Notificar ao CREAS via telefone.
Violência sexual:
Procedimentos
- Realizar a anamnese (tipo de violência, hora da violência, qual a relação do agressor com a vítima, se o agressor fez uso de preservativo ou número de agressores);
- Fazer exame clínico e ginecológico;
- Até 72 horas após a ocorrência da violência sexual, iniciar profilaxia das DST/AIDS ou Hepatite B;
- Se a agressão ocorreu quando a vítima estava indo para o trabalho ou vindo, orientar para fazer ocorrência de acidente de trabalho;
- Fazer orientações necessárias;
- Encaminhar para o Centro de Saúde referência em DST/AIDS mais próximo da residência ou trabalho, a fim de adquirir o restante das medicações anti-retrovirais, preservativos e fazer acompanhamento com médico;
- Encaminhar para acompanhamento social e psicológico.
Notificação
- Preencher e dar andamento às 3 (três) vias da Ficha Única de Notificação;
- Anexar uma via ao prontuário;
- Encaminhar a Notificação e o idoso ao Plantão Policial ou à Delegacia de Polícia, a partir daí o idoso será encaminhado para o exame pericial do IML, pois a comprovação do espermatozoide é feita até 12 horas após o coito anal e até 48 horas após o coito vaginal.
- Encaminhar uma via da ficha ao Serviço Social ou ao Programa de Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência;
- Notificar a violência contra o idoso ao CREAS.
Violência Psicológica:
Procedimentos
- Orientar o paciente e familiares;
- Encaminhar o paciente para acompanhamento psicossocial.
Notificação
- Preencher e dar andamento às 3 (três) vias da Ficha Única de Notificação;
- Anexar uma via da Ficha ao prontuário;
- Encaminhar uma via da Notificação e o paciente idoso à Delegacia de Polícia (caso necessário);
- Encaminhar uma via ao Serviço Social ou ao Programa de Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência;
- Notificar ao CREAS.
Pós-Graduação em Psiquiatria da Faculdade Cenbrap.
Entendeu como deve ser a atuação nessas violências?
É dever do profissional da saúde em casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra o idoso comunicar a autoridade policial.
Caso tenha interesse em mais temas como o desse texto, acompanhe nosso blog.
Referência:
MANUAL PARA ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NA REDE DE SAÚDE PÚBLICA DO DF – LAUREZ FERREIRA VILELA.