Avaliação neuropsicológica e cognitiva em crianças
A avaliação neuropsicológica e cognitiva são ferramentas importantes para entender o comportamento infantil, embora tenham abordagens distintas. Sendo assim, ambas buscam descrever como as crianças processam informações, aprendem e respondem ao ambiente, mas seus focos diferem.
Diferenças entre avaliação cognitiva e neuropsicológica
Avaliação cognitiva:
- Não considera diretamente as bases neurobiológicas do comportamento.
- Enfoca aspectos descritivos e observáveis no mundo real.
- Busca entender o comportamento em termos práticos e descritivos.
Avaliação neuropsicológica:
- Baseia-se nas relações entre cérebro e comportamento.
- Oferece uma perspectiva das vias neurais subjacentes, invisíveis diretamente.
- Proporciona uma visão mais detalhada do funcionamento neural.
Aspectos fundamentais da avaliação psicológica:
A avaliação psicológica vai além da testagem, envolvendo:
- Análise de registros anteriores (exames médicos, relatórios).
- Entrevistas estruturadas e não estruturadas com a criança e sua família.
- Informações adicionais de casa e da escola, incluindo observações no ambiente.
- Escalas preenchidas por pais e professores para avaliar desenvolvimento, comportamento e aspectos emocionais.
O Processo de Testagem:
Testagem padronizada:
- Procedimentos normatizados para comparar o desempenho do indivíduo com a população geral.
- Gera pontuações padrão que permitem identificar pontos fortes e fracos.
Instrumentos utilizados:
- Devem ser válidos (medem o que se propõem) e confiáveis (medem de forma consistente).
- A seleção do instrumento considera a idade da criança e o motivo do encaminhamento.
Testes cognitivos e neuropsicológicos:
Cognitivos:
- Enfocam aspectos gerais de inteligência, realização acadêmica e processamento cognitivo.
- Exemplo: Testes de inteligência como WISC (Escala Wechsler para Crianças) e Stanford-Binet.
Neuropsicológicos:
- Avaliam comportamentos específicos relacionados a construtos neurais.
- Fornecem dados sobre o funcionamento em níveis descritivos e neurobiológicos.
Interpretação dos resultados:
- O profissional analisa as pontuações gerais e de subtestes, observando padrões no contexto diagnóstico.
- Mais do que números, o foco está nas estratégias cognitivas da criança e na forma como ela responde aos desafios.
- Fatores como motivação, atenção, e condições emocionais podem impactar os resultados.
Relevância do QI na psiquiatria infantil:
- O quociente de inteligência (QI) é uma medida estável a partir dos 5-7 anos de idade.
- Altos QIs estão associados a melhores prognósticos em diversas condições psiquiátricas.
- Contudo, transtornos emocionais e desatenção podem impactar negativamente as pontuações.
A integração de avaliações cognitivas e neuropsicológicas é essencial para uma compreensão ampla do desenvolvimento infantil. Por isso, elas fornecem informações complementares, ajudando a adaptar intervenções às necessidades únicas de cada criança.