Como avaliar a baixa estatura infantil: diagnóstico e exames clínicos
A avaliação da baixa estatura em crianças envolve uma investigação detalhada, que começa com uma história clínica minuciosa, exame físico completo, exames laboratoriais adequados, e o acompanhamento regular do crescimento da criança. Com base nesses é possível facilitar a identificação da causa e a determinação da velocidade de crescimento (VC) ao longo do tempo.
História Clínica e Exame Físico
A avaliação deve começar com uma história clínica completa, incluindo:
No exame físico, deve-se:
Medida da Altura e Projeção do Crescimento
Para medir a altura corretamente, é necessário utilizar instrumentos precisos como o estadiômetro rígido. Assim, recomenda-se medir a criança três vezes no mesmo dia, com uma variação de até 0,3 cm entre as medições. Com base nisso, em crianças menores de 2 anos, a medida deve ser feita deitada; a partir dos 2 anos, em pé.
A criança deve ser medida com mais frequência no início da vida (3 a 4 vezes por ano nos primeiros 2 anos), e depois anualmente, salvo suspeita de problemas no crescimento.
Curvas de Crescimento e Projeção da Altura
O crescimento da criança deve ser avaliado com curvas de crescimento, que podem ser baseadas em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) ou do Center for Disease Control (CDC). No Brasil, os pediatras geralmente utilizam as curvas da OMS, e os endocrinologistas pediátricos seguem as recomendações do CDC. Ambas são adequadas, e o mais importante é saber interpretá-las.
Doenças endócrinas afetam mais a idade-altura do que a idade-peso, enquanto doenças crônicas, como a doença celíaca ou a fibrose cística, podem afetar ambos.
Avaliação das Proporções Corporais
Estatura em Relação à Altura dos Pais
A altura final de uma criança está relacionada à altura dos pais. Por exemplo, pais que estão no percentil 5 tendem a ter filhos que seguirão um canal de crescimento próximo ao percentil 5. Por isso, a estatura-alvo pode ser calculada utilizando as fórmulas para determinar o potencial de crescimento da criança.
Meninos: estatura-alvo = altura do pai + altura da mãe -13/2 = X± 5
Meninas: estatura-alvo = altura do pai + altura da mãe +13/2 = X ± 5
Exames Laboratoriais Iniciais
Os exames laboratoriais iniciais podem identificar doenças que afetam o crescimento, como doenças renais, má absorção e hipotireoidismo. Por isso, os exames devem ser direcionados pelas hipóteses levantadas na história clínica e no exame físico. Portanto, os principais exames estão:
Exames Específicos
Se necessário, podem ser solicitados exames mais específicos para identificar a causa da baixa estatura, como:
Com o avanço das tecnologias genéticas, exames como CGH-Array, painéis genéticos e sequenciamento de exomatambém podem ser indicados em casos específicos para diagnóstico molecular.
A baixa estatura pode ser resultado de:
Nem todas as crianças com baixa estatura têm uma doença ou condição subjacente. Existem dois padrões de crescimento considerados normais, que são:
Há também um grupo significativo de crianças que, mesmo após uma investigação detalhada, não se enquadra em nenhuma das causas conhecidas. Esses casos são classificados como baixa estatura idiopática (BEI), em que a causa do crescimento reduzido não é identificada.