A bronquiolite viral aguda é a infecção do trato respiratório inferior mais comum em crianças pequenas. A doença resulta da obstrução inflamatória das pequenas vias aéreas, possui gravidade variável, manifestando-se mais frequentemente por formas leves, que podem evoluir para apresentações graves, em casos mais incomuns.
Ocorre mais durante os primeiros 2 anos de idade, com uma incidência maior em lactentes menores de 6 meses. É uma das causas mais frequentes de internação hospitalar nessa faixa etária.
Por conta disso, foi feito um texto para você médico que ainda possui dúvida sobre a conduta correta no atendimento de crianças com bronquiolite viral aguda.
Excelente leitura!!
Epidemiologia:
A fonte de infecção da bronquiolite viral aguda geralmente é um membro da família ou colega da creche ou escola, com enfermidade respiratória aparentemente benigna. As crianças maiores e os adultos podem tolerar melhor situações de edema bronquiolar quando comparados aos lactentes e, assim, são capazes de expressar manifestações clínicas menos exuberantes, mesmo quando infectados pelos vírus.
A transmissão ocorre normalmente por contato direto ou próximo a secreções contaminadas, que podem envolver gotículas ou fômites. O período de incubação é de 2 a 8 dias, com uma média de 4 a 6 dias. O período de disseminação viral é normalmente de 3 a 8 dias, mas pode prolongar-se, especialmente em lactentes mais novos, nos quais a disseminação pode continuar até por 3 ou 4 semanas.
Diagnóstico:
Achados clínicos
Considerando que o diagnóstico da bronquiolite viral aguda deve ser estabelecido dentro de bases clínicas, é importante ter uma visão detalhada dos principais fatores a se considerar, conforme descrito a seguir.
Idade
Bronquiolite afeta crianças com menos de 2 anos de idade. Entretanto, 90% dos casos que necessitam de hospitalização são crianças com menos de 12 meses de idade. O pico de incidência das hospitalizações está centrado entre 3 e 6 meses de idade.
Febre
Lactentes com bronquiolite podem ter febre ou história de febre. Essa manifestação é mais marcada na fase prodrômica da doença. A ausência de febre não exclui o diagnóstico de bronquiolite.
Tosse
Manifestação comum nos quadros de bronquiolite viral aguda. Geralmente seca, associada à sibilância, é uma das primeiras manifestações de comprometimento pulmonar na bronquiolite.
Taquipneia
O aumento da frequência respiratória é um sinal importante nas infecções do trato respiratório inferior
Tiragem
Tiragem subcostal, intercostal e supraclaviculares são comumente vistas em lactentes com bronquiolite viral aguda. Em algumas situações, esse esforço respiratório pode estar associado a presença de tórax hiperinsuflado, o que pode facilitar um diagnóstico clínico diferencial entre bronquiolite viral aguda e pneumonia.
Crepitações
Crepitações inspiratórias disseminadas por todos os campos pulmonares são manifestações comuns, mas não universais, nos portadores de bronquiolite viral aguda.
Achados radiológicos
Radiografia de tórax:
Útil nos casos graves, quando ocorre piora súbita do quadro respiratório ou quando existem doenças cardíacas ou pulmonares prévias. Os principais achados são:
- Hiperinsuflação torácica difusa;
- Hipertransparência;
- Retificação do diafragma
- Broncograma aéreo com um infiltrado de padrão intersticial.
- Atelectasias secundárias a tampões mucosos e infiltrados de baixa densidade com discreto espessamento pleural.
Obs 1.: A avaliação radiológica está restrita aos quadros mais graves.
Achados laboratoriais
- Técnica de imunofluorescência (mais frequentemente utilizada).
- Técnicas de biologia molecular.
Tratamento
Na grande maioria dos pacientes, a evolução é benigna e o processo evolui para a cura sem a necessidade de nenhuma intervenção. Os pacientes são assistidos em casa e o princípio do tratamento está fundamentado em uma terapêutica eminentemente sintomática (controle da temperatura, do status hídrico e nutricional, bem como acompanhamento da evolução do comprometimento respiratório).
A necessidade de internação hospitalar é infrequente, ocorrendo em cerca de 1 a 2% dos pacientes com faixa etária inferior a 1 ano de idade. Nestes, os critérios para indicação da hospitalização estão basicamente focados no grau de comprometimento do sofrimento respiratório e na presença de fatores de risco associados. Cuidados intensivos podem ser necessários para os pacientes hospitalizados, em taxas variáveis de 10 a 15%.
Medidas gerais
- Tratar hipertermia quando presente;
- Cabeceira do leito elevada;
- Obstrução nasal e rinorreia, quando presentes, devem ser aliviadas com higiene e aspiração;
- Aporte hídrico;
- Fisioterapia.
Tratamento farmacológico
- Oxigênio;
- Broncodilatadores (alfa e beta-adrenérgicos);
- Solução salina hipertônica;
- Corticosteroides;
- Suporte ventilatório.
Critérios de alta hospitalar
Não existem critérios universais capazes de englobar com segurança a alta hospitalar de todos os pacientes portadores de bronquiolite viral aguda. Na tabela 1, é possível observar alguns dados importantes que devem ser considerados por ocasião desse processo de alta.
Tabela 1: Critérios de alta hospitalar
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Referência:
Tratado de Pediatria- 4° edição