Demência: compreensão e manejo clínico
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Definição de demência:
A demência é uma síndrome que envolve múltiplos comprometimentos das funções cognitivas, sem afetar a consciência.
Funções Cognitivas Atingidas pela demência:
As funções mais comumente afetadas incluem memória, linguagem, orientação, resolução de problemas, inteligência, percepção, atenção e concentração, julgamento e habilidades sociais. Para o diagnóstico, os sintomas devem causar um impacto significativo no funcionamento social e ocupacional, representando um declínio notável em relação ao nível anterior de funcionamento.
Causas e Tipos de Demência:
A demência pode ser causada por várias condições, algumas reversíveis (15%), destacando a importância de uma investigação etiológica inicial. As principais causas incluem:
- Doença de Alzheimer: Responsável por 50-60% dos casos.
- Demência Vascular: Responsável por 15-30% dos casos, com subtipos como multi-infartos e doença de Binswanger.
- Outras Causas: Drogas e toxinas, anoxia, traumatismos, hidrocefalia de pressão normal, doenças neurodegenerativas (Parkinson, Huntington), infecções (HIV, neurossífilis), transtornos nutricionais e metabólicos, entre outros.
Diagnóstico da demência:
Os exames laboratoriais são cruciais tanto para diagnosticar a demência quanto para determinar sua causa. Exames comuns incluem hemograma, glicemia, creatinina, eletrólitos, hepatograma, hormônios tireoidianos, dosagem de vitamina B12, sorologia para sífilis e HIV, TC de crânio, ECG e RM de crânio.
Doença de Alzheimer e relação com a demência:
A Doença de Alzheimer é geralmente diagnosticada clinicamente após a exclusão de outras causas de demência. Caracteriza-se por um início insidioso com déficit de memória, desorientação, e, em fases avançadas, dependência de terceiros para atividades diárias e possíveis sintomas como incontinência, disfagia e convulsões. Em relação ao comportamento pode haver inquietude, agitação, delírios e alucinações, além de sintomas depressivos e ansiosos.
Diagnóstico Diferencial:
Identificar causas reversíveis de demência é essencial através de exames laboratoriais e de imagem.
- Demência Vascular: Caracterizada por início abrupto, evolução em degraus, e sinais neurológicos focais.
- Doença de Pick: Apresenta alterações comportamentais iniciais, afetando principalmente indivíduos de meia-idade.
- Pseudodemência: Associada à depressão, diferenciada pela história e exame clínico.
- Doença de Huntington: Caracterizada por demência, coreia e antecedentes familiares positivos.
- Doença de Parkinson: Caracterizada por disfunções cognitivas e sintomas parkinsonianos.
Classificação:
Demências podem ser classificadas em corticais e subcorticais:
- Cortical: Exemplos incluem Alzheimer, demência frontotemporal (Pick).
- Subcortical: Exemplos incluem demência vascular, Parkinson, Huntington, HIV.
Tratamento da Demência:
O tratamento da demência depende diretamente da causa subjacente. Para causas reversíveis, é crucial iniciar a terapêutica rapidamente para impedir a progressão da doença. Em casos de doenças degenerativas, o foco deve ser no tratamento adequado das alterações comportamentais, conforme o quadro clínico apresentado, como o uso de antipsicóticos para sintomas psicóticos.
Opções Terapêuticas:
- Doença de Alzheimer (DA):
- Anticolinesterásicos de ação central (ex: rivastigmina)
- Inibidores do receptor NMDA (ex: memantina)
- Demência Vascular:
- Controle da doença de base
- Medidas profiláticas para prevenir novos infartos
Medidas Complementares:
Cuidados com a saúde física, orientação familiar e suporte psicossocial são fundamentais no manejo da demência. Episódios de agitação psicomotora e quadros psicóticos devem ser tratados sintomaticamente. É importante a escolha criteriosa dos psicofármacos devido à maior incidência de efeitos colaterais na população idosa e ao risco de agravamento do déficit cognitivo.
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