Quando seu paciente referir sintomas como tristeza, desinteresse, falta de energia, dificuldades para dormir ou manter o sono deve-se ficar alerta para o transtorno de ansiedade.
Pesquisas mostram que diferentes sintomas psicológicos como solidão, desesperança, angústia, exaustão, irritabilidade, tédio, raiva e sensação de abandono são recorrentes e esperados em situações de distanciamento social. Além disso, ocorre maior probabilidade de ocorrerem distúrbios do sono, abuso de substâncias e ideação suicida, bem como agravamento de transtornos mentais preexistentes.
Contudo, nem sempre a tristeza ou as preocupações decorrentes das dificuldades do contexto atual são indicativos de um transtorno.
Boa leitura!!
Da sensação de tristeza à depressão:
Nem todo estado de tristeza deve ser considerado depressão. A tristeza é um dos principais sintomas depressivos, mas não representa uma doença.
O termo depressão costuma ser usado, de forma equivocada, para descrever qualquer humor triste ou rebaixado, que resulta de eventos emocionalmente estressantes como um desastre natural, uma doença grave ou incapacitante, a morte de um ente querido ou momentos difíceis.
Algumas pessoas relatam ficarem deprimidas nas festas de fim de ano ou no aniversário de morte de uma pessoa querida. Normalmente, a tristeza é temporária, costuma durar dias e não semanas ou meses. Ocorre em períodos, que tendem a estar relacionados a pensamentos ou lembranças do evento perturbador e não impede a realização de nossas atividades diárias durante qualquer período de tempo.
Importante entender que:
Algumas pessoas relatam ficarem deprimidas nas festas de fim de ano ou no aniversário de morte de uma pessoa querida. Normalmente, a tristeza é temporária, costuma durar dias e não semanas ou meses.
Ocorre em períodos, que tendem a estar relacionados a pensamentos ou lembranças do evento perturbador e não impede a realização de nossas atividades diárias durante qualquer período de tempo.
Como entender a depressão:
Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS (2001), a depressão é considerada como um problema prioritário de saúde pública. Conforme estudo epidemiológico do Ministério da Saúde (2020), sua prevalência ao longo da vida, no Brasil, está em torno de 15,5% e, na rede de atenção primária de saúde é de 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico, de acordo com a OMS.
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, décima revisão (CID-10), caracteriza o episódio depressivo por:
“rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Há alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse e diminuição da capacidade de concentração, associadas, em geral, à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se problemas do sono e diminuição do apetite. Há quase sempre uma diminuição da autoestima e autoconfiança e, frequentemente, ideias de culpabilidade e/ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos “somáticos”, como perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perdas de apetite, peso e libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave”.
A depressão pode constituir-se em um único episódio depressivo, mas é comum a ocorrência repetida de vários episódios, ao longo do tempo.
Fatores de risco:
- Histórico familiar, incluindo fatores genéticos;
- Depressões anteriores;
- Transtornos psiquiátricos correlatos;
- Estresse e ansiedade crônicos;
- Disfunções hormonais;
- Medicamentos;
- Abuso de álcool e outras substâncias psicoativas;
- Ausência de suporte social;
- Traumas psicológicos como abuso físico, sexual ou emocional;
- Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;
- Conflitos conjugais e familiares;
- Mudança brusca de condições financeiras e desemprego;
- Experiências de perda.
Sintomas:
Sintomas emocionais e/ou cognitivos:
- Tristeza ou humor deprimido;
- Apatia;
- Baixa autoestima e sentimentos de culpa e de inutilidade;
- Falta de motivação e de vontade de fazer atividades antes prazerosas;
- Medos que antes não existiam;
- Perda ou aumento de apetite;
- Alto grau de pessimismo; Indecisão e insegurança;
- Insônia ou hipersonia;
- Sensação de vazio;
- Irritabilidade;
- Atenção e concentração reduzidas;
- Raciocínio mais lento;
- Esquecimento;
- Ansiedade e/ou angústia;
- Redução do interesse sexual;
- Pensamentos de morte ou suicidas.
Sintomas físicos:
- Mal-estar;
- Cansaço excessivo;
- Queixas digestivas, como dores de barriga, má digestão, constipação ou azia;
- Alterações motoras (lentificação ou agitação);
- Tensão na nuca e/ou nos ombros;
- Dores de cabeça e/ou no corpo;
- Pressão no peito;
- Queda da imunidade;
- Diminuição do desempenho e do nível de funcionamento social.
Quando o paciente precisa procurar ajuda especializada?
Quando o paciente apresenta, por um período mínimo de duas semanas, humor deprimido ou perda de interesse ou de prazer em suas atividades diárias, além de outros sintomas depressivos mencionados, que estejam causando sofrimento e prejuízos em seu comportamento e/ou em sua funcionalidade, é necessário procurar a ajuda de um psiquiatra e/ou de um psicólogo.
A psicoterapia e os medicamentos são a base do tratamento e permitem que o quadro seja controlado. Durante o período de isolamento social, vários profissionais estão atendendo na modalidade on-line, prática segura, regulamentada por seus Conselhos de Classes.
Vale ressaltar que o diagnóstico da depressão é clínico, pois não existem exames laboratoriais específicos para diagnosticá-lo.
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Referência:
Depressão – Dicas de saúde mental (GESM).