Sem sombra de dúvidas, os pais e familiares ficam em alerta quando uma criança apresenta um quadro de fezes amolecidas e aumento da frequência das evacuações. E, por isso, o dia a dia do médico está repleto de casos relacionados à diarreia. Para você ter uma ideia, a diarreia aguda é uma das três queixas mais frequentes no pronto-socorro pediátrico e saber manejar esse paciente é dever de todo bom médico. Por isso, neste texto, aprenda a avaliar e manejar seu paciente com diarreia aguda na prática!
A diarreia é definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas e que pode durar até 14 dias.
Porém, lembre-se que apesar da definição de diarreia aguda considerar o limite máximo de duração de 14 dias, a maioria dos casos resolve-se em até 7 dias.
Vírus, bactérias, Parasitos e Fungos são os principais agentes infecciosos que causam a maior parte dos quadros de diarreia aguda. Entretanto, nem sempre é possível identificar o agente causador do episódio diarreico. Por isso, o manejo é comum para todos eles.
A história e o exame físico são indispensáveis para uma conduta adequada. E deve contemplar:
Lembre-se:
A seguir, um quadro que facilitará a realização de uma boa avaliação do estado de hidratação de seus pacientes. A compreensão deste quadro será fundamental para a escolha do tratamento certeiro.
Após a definição do grau de hidratação/desidratação da criança, o tratamento é dividido em três planos. São eles:
Plano A - Paciente com diarreia sem sinais de desidratação. Tratamento domiciliar.
Orientações:
1) Oferecer ou ingerir mais líquido que o habitual para prevenir a desidratação.
2) Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição.
3) Se o paciente não melhorar em dois dias ou se apresentar qualquer um dos sinais abaixo levá-lo imediatamente ao serviço de saúde.
4) Orientar o paciente ou acompanhante para: reconhecer os sinais de desidratação e as medidas de higiene pessoas e domiciliar.
5) Administrar zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias.
• Até seis meses de idade: 10 mg/dia
• Maiores de seis meses de idade: 20 mg/dia.
Plano B - Paciente com diarreia e algum grau de desidratação. Realizado na unidade de saúde.
Orientações:
1) Administrar solução de reidratação oral (SRO): até que desapareçam os sinais de desidratação. Orientação inicial: 50 a 100mL/kg para ser administrado no período de 4-6 horas. Sob supervisão médica.
2) Durante a reidratação reavaliar o paciente seguindo os sinais indicados na avaliação da hidratação.
• Houve melhora? Seguir PLANO A.
• Manutenção da desidratação? Indicar a sonda nasogástrica.
• Houve piora? Partir para o PLANO C.
3) Durante a permanência do paciente ou acompanhante no serviço de saúde, orientar sobre o reconhecimento da desidratação e sobre as medidas de higiene pessoal
Plano C - Se tem diarreia e está com desidratação grave. Correção da desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral. Regime de internação. Contempla duas fases: Fase rápida (Expansão) e Fase de manutenção e reposição.
• Fase rápida (expansão):
Recém-nascidos: 10 ml/kg de SF a 0,9% por 30 min
Menores de 5 anos: 20 ml/kg de SF a 0,9% por 30 min
Maiores de 5 anos: 30ml/kg de SF a 0,9% por 30 min
• Fase de manutenção (qualquer faixa etária) SG a 5% + SF a 0,9% na proporção 4:1 (regra de Holliday Segar) + KCl a 10% 2 ml para cada 100ml de solução.
Pronto! Após compreender este texto, que teve como base o Guia Prático de Atualização da SBP, você não terá mais dúvidas no manejo da diarreia aguda. Lembre-se: o conhecimento é a chave da confiança.