A doença celíaca é uma intolerância permanente à proteína do glúten, que caracteriza-se por uma atrofia total ou subtotal da mucosa do intestino delgado proximal.
Seu tratamento é delicado, já que ainda não foi encontrada uma cura precisa para a doença, por isso a dieta do portador deve ser rígida, para que não ocorra um agravo na doença e uma deficiência em seu organismo, trazendo outras complicações e contraindo outras patologias.
Sabendo desses fatos iremos esclarecer para você médico sobre como realizar um manejo correto para pacientes com a doença celíaca.
Boa leitura!
Introdução:
O glúten o principal causador da doença celíaca é a prevalente proteína dos cereais como o trigo, malte, cevada e centeio, em cada cereal, a fração tóxica recebe um nome diferente
O glúten também é amplamente usado pela indústria alimentícia como agente espessante, como “melhorador” de farinha, como substituto da carne em produtos vegetarianos e até mesmo para aumentar a quantidade de condimentos, além de ser adicionado a caldos, molhos e feijão, para engrossá-los.
Como ocorre a intolerância ao glúten?
A intolerância ao glúten é uma anomalia autoimune do intestino delgado caracterizada por uma inflamação deste último em pacientes que sofrem desta patologia. Uma reação ao glúten acontece, materializada por uma agressão do organismo ao seu próprio intestino delgado.
A doença celíaca é caracterizada pela intolerância permanente ao glúten em indivíduos geneticamente suscetíveis. O glúten nas pessoas com doença celíaca promove uma reação inflamatória que atinge as microvilosidades do intestino delgado, podendo levar à má absorção dos nutrientes.
Diagnóstico:
Enquanto na população normal 90% dos indivíduos apresentam um determinado marcador genético que indica a probabilidade do desenvolvimento da doença; para a investigação de doença celíaca estes marcadores atuam como etapa no diagnóstico de exclusão.
Os genes que codificam DQ2 e DQ8 são encontrados em até 30% das pessoas, desta forma, se o suspeito de doença celíaca não apresentar estes marcadores, a probabilidade de se confirmar a hipótese diagnóstica é muito baixa. Existem quatro tipos da doença que tornam as características variáveis, estas são: clássica, não clássica ou atípica, silenciosa e latente.
Padrão não clássico ou atípico:
- Mais tardia;
- Manifestações digestivas estão ausentes ou, quando presentes, são pouco relevantes.
Os indivíduos que são acometidos por esse padrão podem apresentar manifestações isoladas das demais, como:
- Baixa estatura;
- Anemia por deficiência de ferro refratária à ferroterapia oral.
Padrão clássico:
- Mais frequente;
- Manifesta-se nos primeiros anos de vida;
Quadros clínicos de:
Diarreia crônica;
- Vômitos;
- Irritabilidade;
- Anorexia e emagrecimento;
- Déficit de crescimento;
- Dor e artralgia;
- Constipação intestinal;
- Hipoplasia do esmalte dentário;
- Osteoporose;
- Esterilidade.
Padrão assintomático:
Condição na qual os pacientes apresentam alteração do quadro histopatológico do intestino delgado proximal, porém não possuem sintomas.
Padrão latente:
Condição na qual os pacientes apresentam em algum momento características histopatológicas jejunais normais consumindo glúten e, em outro período de tempo, apresentam atrofia subtotal das vilosidades intestinais.
Exames:
Principais marcadores sorológicos para a detecção da doença são:
- Anticorpos antigliadina (AGA);
- Antireticulina (ARA);
- Antiendomísio (EmA).
OBS 2.:
Segundo o departamento de pediatria da UFMG em criança e adolescentes sintomáticos, a sorologia (anti-transglutaminase tecidual da classe IgA) deverá ser realizada em uso de dieta com glúten.
Segundo a Caso não seja conhecida a deficiência de IgA, a dosagem desta deverá ser feita nesse momento. Se a deficiência for confirmada, pelo menos uma dosagem de anticorpo IgG específica para DC deverá ser realizada.
Outro ponto de destaque:
Nos pacientes com idade inferior a dois anos e sintomáticos, a dosagem da anti-gliadina deaminada deve ser solicitada caso as outras sorologias sejam negativas.
O exame histopatológico do intestino delgado, preferencialmente da junção duodeno-jejunal, é imprescindível para o diagnóstico da DC, a microscopia revela mucosa anormal do intestino delgado proximal, com as suas vilosidades em estado de atrofia ou inexistentes, aumento no comprimento das criptas e no número de linfócitos intra-epiteliais.
Tratamento:
O tratamento da doença celíaca deve considerar três fatores:
- Restrição de dieta isenta em glúten;
- Rastreamento para deficiências de ferro, folato, cálcio e vitaminas B6, B12 e D;
- Indicação de testes sorológicos para detecção da doença em parentes de primeiro e segundo graus dos pacientes.
Deve ser isenta de trigo, centeio e cevada. A restrição total de glúten é difícil. A transgressão à dieta pode ser voluntária (comum entre crianças e adolescentes) ou involuntária (devido à incorreta inscrição dos ingredientes nos rótulos dos alimentos ou à contaminação com glúten de determinado produto industrializado).
Gostou do assunto? Agora já sabe realizar o manejo em pacientes com doença celíaca?
Caso queira entender mais assuntos da Área da Nutrologia, conheça nossa Pós Graduação da Faculdade Cenbrap!
Referência:
A DOENÇA CELÍACA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - Ana Beatriz de Moraes Mendes Serpa