Transtorno psicótico breve – conceito:
O transtorno psicótico breve é caracterizado pelo surgimento rápido de sintomas psicóticos que duram pelo menos um dia, mas menos de um mês. Assim, depois desse período, os sintomas desaparecem completamente, e o paciente retorna ao seu nível de funcionamento anterior.
História do transtorno psicótico breve:
Esse transtorno tem sido pouco estudado em alguns países, mas foi amplamente avaliado na Europa, especialmente na Escandinávia. Antigamente, os estudos antigos referiam-se a ele como psicoses reativas ou histéricas. Mas, finalmente em 1913, Karl Jaspers descreveu características importantes, como a presença de um estressor grave, relação temporal entre o estressor e o início dos sintomas, e um curso benigno.
Epidemiologia do transtorno psicótico breve:
O transtorno psicótico breve é raro. Somado a essa questão, ele ocorre principalmente em jovens entre 20 e 30 anos, sendo mais comum em mulheres. Além disso, é observado com mais frequência em indivíduos de classes socioeconômicas mais baixas, imigrantes e pessoas expostas a estressores psicossociais significativos.
Existem comorbidades associadas?
Sim, é comum que pacientes apresentem transtornos de personalidade, como os tipos histriônico, narcisista, paranoide, esquizotípico e borderline.
Causa do transtorno psicótico breve:
A causa exata não é conhecida, mas fatores como vulnerabilidade biológica ou psicológica, histórico familiar de esquizofrenia ou transtornos do humor, e enfrentamento inadequado de estressores podem estar envolvidos. Por isso, em alguns casos, os sintomas podem funcionar como defesa contra traumas.
Diagnóstico:
O diagnóstico requer a presença de sintomas psicóticos (delírios, alucinações, discurso desorganizado) por pelo menos um dia e menos de um mês, com remissão completa. Portanto, os sintomas não podem ser explicados por transtornos do humor, uso de substâncias ou condições médicas.
Por fim, existem três subtipos principais: com estressor, sem estressor e pós-parto.
Os sintomas incluem:
- Alucinações;
- Delírios;
- Pensamento e discurso desorganizados;
- Emoções instáveis;
- Comportamentos bizarros;
- Episódios de confusão.
Observação: Esses sintomas podem ser confundidos com delirium, necessitando de uma avaliação cuidadosa.
Fatores estressores que podem precipitar o transtorno:
Estressores graves, como a perda de um ente querido, acidentes ou eventos traumáticos, são comuns. Nesse sentido, em alguns casos, múltiplos estressores menores também podem desencadear os sintomas.
Como o transtorno psicótico breve é tratado?
- Hospitalização: É indicada para garantir segurança e avaliação. Um ambiente estruturado facilita a recuperação.
- Farmacoterapia: Antipsicóticos, como haloperidol ou ziprasidona, e benzodiazepínicos podem ser utilizados para controle de sintomas agudos. O uso prolongado deve ser evitado.
- Psicoterapia: Ajuda a integrar a experiência psicótica, melhorar os mecanismos de enfrentamento e restaurar a autoestima. O envolvimento familiar é importante.
Quais fatores indicam um bom prognóstico?
- Boa adaptação antes do episódio;
- Presença de estressor claro;
- Início rápido e duração curta dos sintomas;
- Ausência de histórico familiar de esquizofrenia;
- Predomínio de sintomas afetivos e confusão;
- Poucos traços esquizoides pré-mórbidos;
- Ausência de embotamento afetivo.
Apesar de raro, o transtorno psicótico breve exige avaliação detalhada e abordagem integrada. O entendimento dos fatores precipitantes e a intervenção adequada podem garantir uma evolução favorável para o paciente.
Referência: SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A.; RUIZ, P. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.