Qual é a relação da vitamina D com os ossos e com a imunidade?
A deficiência de vitamina D está associada a anormalidades no balanço de cálcio, fósforo e metabolismo ósseo, predispondo a fraqueza muscular, quedas, fraturas e aumento de mortalidade geral secundária a osteoporose.
Além disso, a vitamina D também está relacionado com o papel de prevenção e tratamento de doenças da imunidade, pois possui uma ação no sistema imune mediada por linfócitos B e T.
Por meio disso, resolvemos escrever esse texto hoje, para que você médico entenda melhor a relação da deficiência da vitamina D com problemas ósseos e com a imunidade.
Boa leitura !!!
Vitamina D no osso – quedas – fraturas
Estima-se um aumento secundário do PTH em função da baixa ação de vitamina D no organismo, resultando em menor absorção de cálcio intestinal e maior eliminação renal de fósforo, e aumento de atividade osteoclástica, intensificando a perda óssea, piorando a qualidade do osso e agravando a osteopenia até osteoporose.
Problemas da deficiência de vitamina D em crianças:
- Deformidades
- Raquitismo
Problemas da deficiência de vitamina D em adultos:
- Osteomalácia
- Quedas
- Fraturas
Importante para o médico saber que segundo:
Dados americanos da força-tarefa de prevenção evidenciam que, após um ano de uma fratura de fêmur, a maioria dos pacientes se torna dependente em algum grau e mais da metade necessita de auxílio diário para tarefas do dia a dia, ocorrendo entre 20 e 30% de mortalidade nesse período.
Obs 1.: Estima-se que entre 10 e 15% das quedas resultem em fraturas, mais frequentes em idosos, com histórico prévio de quedas, osteopenia/osteoporose e deficiência de vitamina D.
Por que a reposição adequada de vitamina D é importante?
A reposição adequada de vitamina D reduziu em média 22% o risco de novas quedas.
Além disso, a suplementação de 700 a 800 UI ao dia de vitamina D em diversos estudos mostrou redução de 26% em fraturas de fêmur e de 23% em fraturas não vertebrais.
Tratamento para pacientes com osteoporose e alto risco de fraturas
Para esses pacientes recomenda-se manter níveis de vitamina D séricos > 30 ng/mL, sendo necessário um mínimo de 1.000 a 2.000 UI ao dia de suplementação, a fim de evitar o hiperparatireoidismo secundário, preservar a massa óssea e reduzir os riscos de queda e fraturas.
Obs 2.:
- Reduzir raquitismo, osteomalácia e regular a absorção intestinal de cálcio: níveis de vitamina D > 12 ng/mL
- Reduzir fraturas: vitamina D > 24 ng/mL
Ponto a ser lembrado: Um estudo no Brasil para pacientes institucionalizados deficientes de vitamina D (< 20 ng/mL) que receberam dose semanal de 7.000 UI encontrou persistência de insuficiência de vitamina ainda em quase metade dos casos (45%) ao final de 3 meses, o que reforça a necessidade de doses mais altas variando de 2.000 a 5.000 UI ao dia para pacientes com níveis basais < 20 ng/mL.
Vitamina D nas doenças autoimunes- imunidade
Diversos estudos vêm buscando elucidar o papel da vitamina D em relação à prevenção e ao tratamento de doenças da imunidade. Estima-se uma ação da vitamina D no sistema imune mediada por linfócitos B e T, uma vez que há forte expressão de receptores VDR nessas células.
A vitamina D atua diretamente na supressão da síntese e proliferação de imunoglobulinas, aumentando a atividade de células T supressoras, reduzindo a formação de interferon-gama e IL-2.
Importante saber: Estudos mostram uma relação dos níveis séricos de vitamina D e esclerose múltipla, sendo que foi identificado que o risco da doença é menor para cada 20 ng/mL de elevação da vitamina D sérica. A maior prevenção ocorreu com níveis de vitamina D entre 40 e 61 ng/mL.
Outras doenças de caráter autoimune parecem ter relação com níveis de vitamina D ou suplementação em doses otimizadas, como:
- Artrite reumatoide
- Diabetes mellitus 1
- Doença inflamatória intestinal
- Tireoidite de Hashimoto (Para cada 5 ng/mL de aumento nos níveis de vitamina D, ocorre uma redução de 19% no risco de tireoidite de Hashimoto).
Outros pontos de importância:
Crianças recém-nascidas, seguidas nos primeiros anos de vida, que usaram doses de vitamina D3 mais elevadas que o habitualmente recomendado nos consensos (2.000 UI/dia versus 600 UI) tiveram um risco 29% menor para o aparecimento de diabetes mellitus 1.
Outro estudo mostrou também que pacientes com tireoidite de Hashimoto com vitamina D < 30 ng/mL, sendo 85% dos casos em eutireoidismo, observou-se redução significativa de anticorpo antiperoxidase após 4 meses de uso de vitamina D em doses médias de 1.200 a 4.000 UI, com alvo de vitamina D > 40 ng/mL.
Para finalizar:
Por meio desses dados, é reforçado a importância da investigação dos níveis de vitamina D em pacientes com doenças autoimunes e, sobretudo, em população saudável, no que tange à prevenção dessas relevantes doenças, como esclerose múltipla, tireoidite de Hashimoto e diabetes mellitus, chamando a atenção para manter níveis de vitamina D>40 ng/mL na maioria.
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