No último texto, revisamos pontos fundamentais sobre o funcionamento da tireoide e da doença mais frequente nessa glândula. Dando sequência ao estudo da Tireoidite da Hashimoto, vamos discutir os seguintes tópicos:
- Sinais e sintomas
- Exames complementares e diagnóstico
- Tratamento
Os pacientes com Tireoidite de Hashimoto apresentam amplas manifestações clínicas, variando do hipotireoidismo à hashitoxicose, passando pelo eutireoidismo.
No último estado destacado, os sinais e sintomas são poucos e inespecíficos, podendo corresponder a um estado inicial da doença.
O quadro de hipotireoidismo clássico corresponde à maioria dos casos, sendo identificado pelos sintomas já conhecidos:
- Ganho de peso;
- Intolerância ao frio;
- Bradicardia;
- Obstipação;
- Pele seca;
- Rouquidão;
- Melancolia;
- Raciocínio lento.
Por fim, ressaltamos a última possibilidade de manifestação: tireotoxicose transitória, também chamada Hashitoxicose. Visitando a fisiopatologia da doença, já discutida no último texto, relembramos que os linfócitos reativos induzem a apoptose de células foliculares, destruindo a arquitetura glandular original. Essa destruição pode levar à liberação aguda de grande quantidade de hormônios tireoidianos, causando taquicardia, palpitações, perda de peso, entre outros.
Ressaltamos que esse estado é passageiro, transitório. Geralmente a Hashitoxicose é seguida do hipotireoidismo clássico.
O exame físico também é variável. À palpação, a tireoide pode ser impalpável, apresentar-se com tamanho normal ou difusamente aumentada com contornos irregulares.
- TSH sérico: é o teste de primeira linha no diagnóstico do hiportireoidismo primário. Devemos sempre nos lembrar da relação log-linear inversa entre TSH e T4, em que pequenas variações de T4 livre causam um aumento exponencial na concentração de TSH.
- T4 livre: também deve ser pedido, umas vez que a associação de TSH e T4 livre aumentam a precisão diagnóstica do hipotireoidismo em até 58%.
- ATPO (anti-tireoperoxidase): esse anticorpo é a “marca registrada” das tireoidites autoimunes, estando presente em quase todos os pacientes com tireoidite de Hashimoto, sendo o exame diagnóstico para as tireoidites autoimunes. Sem dúvida alguma, deve ser solicitado.
- USG: na tiroidite autoimune, a glândula está tipicamente aumentada, o parênquima é heterogêneo, difusamente hipoecogênico e, muitas vezes, hipervascular, caracterizando o estado inflamatório glandular. A SBEM não recomenda a USG de rotina, mas estimula seu uso em casos de pacientes ATPO negativos, com suspeita de tireoidite autoimune.
Aqui, não há novidade. A tireoidite de Hashimoto caminha em direção ao hipotireoidismo e é tratada como tal. Para isso, temos os análogos sintéticos dos hormônios T3 e T4, não sendo recomendado, entretanto, o uso combinado desses medicamentos.
Aos poucos caminhamos para o final dessa série de textos sobre Tireoidite de Hashimoto. Já discutimos pontos básicos, manifestações clínicas, exames, tratamento... todos bem relacionados diretamente à sua prática clínica. No próximo texto, vamos teorizar um pouco mais o assunto e discutir como esse tema tão importante foi abordado na Prova de Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia da SBEM.
Te espero lá!
Referências: