Transtorno de escoriação (Skin-Picking)
Definição do transtorno de escoriação:
O transtorno de escoriação, também chamado de skin-picking, é um comportamento compulsivo em que a pessoa belisca ou arranha repetidamente a pele, causando lesões. Essas lesões podem ser graves e, em muitos casos, exigem tratamentos dermatológicos. Ao longo do tempo, o transtorno já foi conhecido por vários nomes, como síndrome de arranhão da pele, escoriação emocional e artefato nervoso de arranhões.
Epidemiologia:
Esse transtorno afeta entre 1% a 5% da população em geral ao longo da vida e chega a ocorrer em até 12% dos adolescentes com problemas psiquiátricos. Além disso, ele também é encontrado em cerca de 2% dos pacientes com outras doenças de pele. Por fim, as mulheres são mais afetadas do que os homens.
Comorbidades associadas:
O transtorno de escoriação compartilha semelhanças com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), principalmente pela repetição de comportamentos compulsivos. Muitos pacientes com TOC também apresentam preocupações com a aparência da pele, buscando uma pele lisa e perfeita. Sendo assim, outras condições que podem ocorrer junto ao transtorno de escoriação incluem:
Causas possíveis:
A causa exata do transtorno de escoriação não é conhecida, mas algumas teorias sugerem que ele pode estar relacionado a raiva reprimida ou ao alívio do estresse. Eventos como conflitos familiares, morte de entes queridos e problemas emocionais podem desencadear o comportamento. Por isso, há indícios que alterações químicas no cérebro, envolvendo serotonina, dopamina e glutamato, podem estar envolvidas, mas mais pesquisas são necessárias.
Diagnóstico:
Segundo o DSM-5, para diagnosticar o transtorno de escoriação, a pessoa deve ter lesões de pele causadas por arranhões repetidos e apresentar tentativas fracassadas de parar. Nessa lógica, o comportamento deve gerar sofrimento significativo ou atrapalhar a vida do paciente. Por isso, não pode ser causado por outra condição médica ou pelo uso de substâncias.
Características Clínicas
As áreas mais comuns de escoriação são o rosto, pernas, braços, tronco, mãos e couro cabeludo. Desse modo, em casos graves, o comportamento pode levar a cicatrizes permanentes e a necessidade de tratamentos médicos, como enxertos de pele. Por isso, a maioria dos pacientes relata sentir alívio ou prazer após arranhar a pele, mas também podem sentir vergonha, o que leva muitos a evitarem situações sociais. Aproximadamente 15% dos pacientes relatam pensamentos suicidas relacionados ao transtorno.
Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico deve descartar outras condições médicas e psiquiátricas que possam causar arranhões, como eczema, psoríase, diabetes e uso de substâncias como cocaína e metanfetamina. Além disso, o transtorno de escoriação pode ser confundido com transtorno dismórfico corporal, onde o paciente arranha a pele para remover imperfeições percebidas.
Evolução e Prognóstico
O transtorno de escoriação geralmente aparece entre os 12 e 16 anos, mas pode ocorrer em qualquer fase da vida. Nesse contexto, os sintomas podem flutuar ao longo do tempo, e muitas mulheres relatam aumento da compulsão durante o ciclo menstrual. Logo, muitos pacientes demoram a buscar tratamento, frequentemente só o fazendo após complicações graves na pele.
Tratamento
Tratar o transtorno de escoriação é um desafio. Por isso o tratamento farmacológico aliado a terapias comportamentais, como a reversão de hábitos e a terapia cognitivo-comportamental, são recomendadas para tratar os fatores emocionais envolvidos. Assim, o manejo será mais eficaz para controlar o transtorno
Essa abordagem combinada de tratamento farmacológico e psicoterápico é essencial para o manejo eficaz do transtorno.