A maior incidência de diabetes melito (DM), obesidade e outros componentes da síndrome metabólica contribuem para o aumento dos níveis de triglicerídeos e elevam o risco de condições graves, como a pancreatite aguda.
Embora o papel exato dos triglicerídeos no risco cardiovascular ainda não esteja totalmente esclarecido, há evidências crescentes de que eles estão associados a esse risco. Por isso, em indivíduos de alto risco, a normalização do LDL-c com estatinas reduz o risco cardiovascular, mas não o elimina completamente. Logo, a hipertrigliceridemia contribui para o risco residual, que pode ser impactado pelo tratamento.
- Prevenção da pancreatite aguda: Níveis muito elevados de triglicerídeos podem desencadear essa condição potencialmente grave.
- Redução do risco cardiovascular: Embora os dados sobre a redução de eventos cardiovasculares com a diminuição dos triglicerídeos sejam menos robustos do que para o tratamento da hipercolesterolemia, o tratamento pode beneficiar pacientes com alto risco.
- Mudanças no estilo de vida: Incluem dieta, redução de peso, atividade física regular e abstinência de álcool.
- Farmacoterapia: Pode incluir o uso de fibratos, especialmente em combinação com estatinas, em pacientes de alto risco cardiovascular.
- Tratamento das causas secundárias: É essencial tratar condições subjacentes que elevam os triglicerídeos antes de iniciar um tratamento específico.
- Açúcares simples e carboidratos refinados.
- Alimentos ricos em frutose, como sucos de frutas e produtos industrializados com sacarose.
- Ácidos graxos saturados encontrados em alimentos ultraprocessados.
Em pacientes de alto risco cardiovascular, com triglicerídeos > 150 mg/dL e/ou HDL-c < 40 mg/dL, a adição de fibratos (como o fenofibrato) às estatinas pode reduzir eventos coronarianos. No entanto, essa associação parece não impactar a mortalidade global, sendo mais eficaz na redução do risco de eventos coronarianos.
Por que tratar as causas secundárias antes de iniciar medicamentos específicos como os fibratos?
As causas secundárias, como diabetes descompensado, alcoolismo ou hipotireoidismo, devem ser controladas para evitar a persistência da hipertrigliceridemia e potencializar o impacto do tratamento específico.
Os fibratos são a opção de escolha no tratamento da hipertrigliceridemia isolada.
Os ácidos graxos ômega-3 e o ácido nicotínico podem ser utilizados como terapia adjunta ou alternativa.
O objetivo inicial é reduzir o risco de pancreatite, iniciando o tratamento com fibratos e, se necessário, adicionando ácidos graxos ômega-3 ou ácido nicotínico. Após a redução dos TG, avalia-se a necessidade de reduzir o LDLc.
Inicia-se com uma estatina, isolada ou em combinação com ezetimiba, priorizando a meta de redução do LDLc antes de tratar a hipertrigliceridemia.
Os fibratos ativam os receptores nucleares PPARα, estimulando a expressão de genes relacionados ao metabolismo lipídico. Eles aumentam a ação da lipase lipoproteica (LPL), reduzem a apolipoproteína CIII e aumentam a produção de apolipoproteína AI, resultando em:
Os fibratos apresentam efeitos anti-inflamatórios, antiaterogênicos, antitrombóticos e vasodilatadores, além de melhorar a sensibilidade insulínica e a hiperuricemia.
O fenofibrato é preferido devido à sua segurança, eficácia, e menores interações com estatinas em comparação com outros fibratos, como a genfibrozila.
Pacientes com:
A combinação é recomendada em pacientes com:
Os efeitos mais comuns incluem náuseas, diarreia, dores musculares, redução da libido e elevação discreta de enzimas hepáticas. Rabdomiólise é rara, mas ocorre mais frequentemente com a combinação de fibratos (especialmente genfibrozila) e estatinas.
Os fibratos devem ser usados com cautela e em doses reduzidas. Eles são indicados em casos de hipertrigliceridemia grave (TG > 1.000 mg/dL), com monitoramento rigoroso da função renal.
Os fibratos reduzem os níveis de TG em cerca de 30 a 50%, dependendo da dose e dos valores iniciais de triglicerídeos.
- Insuficiência renal grave (TFGe < 30 mL/min/1,73 m²).
- Uso simultâneo com estatinas em pacientes suscetíveis a miopatias, devendo-se preferir fenofibrato micronizado.
Referência: Endocrinologia Clínica 6a edição , 2016 Vilar, Lúcio