Vegetarianismo é o consumo de uma dieta composta predominantemente por alimentos de origem vegetal. Grande parte dos estudos epidemiológicos e clínicos sobre vegetarianos, classifica-os em “vegetarianos puros”, lactovegetarianos ou ovolactovegetarianos.
Os “vegetarianos puros” não ingerem alimentos de origem animal, os lactovegetarianos ingerem produtos lácteos, os ovolactovegetarianos acrescentam o ovo ao leite e derivados, eliminando qualquer outro produto de origem animal.
Nesse texto, desmembraremos as vantagens e desvantagens da dieta vegetariana.
Ótima leitura!!!
Vantagens:
A dieta vegetariana é comparativamente à dieta não vegetariana, menos rica em colesterol e gordura saturada, possui um maior ratio de ácidos gordos não saturados e possui maior quantidade de fibras alimentares.
Preocupação dos profissionais da saúde:
A preocupação principal dos profissionais em relação à dieta vegetariana, tem sido a aferição em relação à ingestão proteica, especialmente no que diz respeito aos aminoácidos essenciais. Contudo, os diversos estudos efetuados a este nível revelam que os vegetarianos normalmente possuem um aporte proteico adequado.
Este fato parece estar relacionado com o consumo de uma grande variedade de alimentos vegetais ricos em proteínas, tais como o grão, sementes e frutos secos.
Vitaminas que geralmente estão com um aporte adequado nos veganos:
Verificou-se que os vegetarianos possuem um aporte adequado, ou mesmo superior, da maior parte das vitaminas, incluindo A, C, tiamina e riboflavina.
Especulou-se que o consumo de vitamina B6 pudesse ser inferior; no entanto, concluiu-se que se encontra ao nível da população não vegetariana; o nível tecidular de folatos parece também encontrar-se ao nível da população geral e verificou-se a presença da níveis elevados de vitamina E, o que poderá contribuir para os níveis inferiores de aterosclerose da população vegetariana.
A ingestão de minerais é adequada nos veganos?
Os estudos efetuados na população vegetariana demonstraram uma ingestão adequada de outros minerais, com as possíveis exceções de ferro e zinco.
Tipicamente, as melhores fontes citadas destes minerais incluem carne e, no caso do zinco, produtos marinhos. Grãos e legumes também poderão contribuir com quantidades substanciais de ferro e zinco; as folhas dos vegetais também contêm quantidades razoáveis de ferro; portanto, o consumo de quantidades adequadas de proteínas vegetais deverá providenciar quantidades suficientes de ferro e zinco.
O elevado consumo de vitamina C nas dietas vegetarianas poderá também contribuir para evitar défices de ferro.
Comparação da prevalência de patologias entre vegetarianos e não vegetarianos:
Desvantagens:
Embora os vegetarianos possuam um aporte adequado de várias vitaminas, tendem a apresentar níveis inferiores de ingestão de vitamina B12 e vitamina D em relação à população não vegetariana; a justificação encontra-se no fato destas vitaminas se encontrarem fundamentalmente presentes em alimentos de origem animal.
Vitamina B12:
Algumas fontes alimentares vegetais são consideradas fontes válidas de vitamina B12 (tais como produtos derivados da soja), são, na realidade, inadequadas, já que a cobalamina que entra na sua constituição é um análogo inativo de vitamina B12.
Vitamina D:
A diminuição da ingestão de vitamina D, característica da alimentação vegetariana, é essencialmente preocupante durante o Inverno em vegetarianos puros, devido à menor exposição solar; especial atenção deve ser prestada às crianças e adolescentes em crescimento.
A ingestão de cálcio, em relação direta com a vitamina D, devido ao seu papel no metabolismo ósseo, representa outro foco de particular preocupação nos vegetarianos.
1. Bom você saber:
O grupo em maior risco são, obviamente, os vegetarianos puros, devido ao fato de poucos alimentos representarem uma fonte tão rica em cálcio como os derivados do leite; alguns vegetais podem providenciar quantidades substanciais de cálcio, tais como os brócolos, couve-lombarda e mostarda; legumes e nozes também poderão contribuir para a ingestão de cálcio.
O leite de soja poderá constituir uma alternativa de fonte de cálcio nos vegetarianos puros; ainda assim, os suplementos poderão ser equacionados nos períodos de crescimento.
Obs 1.: No geral, verifica-se que o estado nutricional de ferro e zinco dos indivíduos vegetarianos é normal, mas um pequeno segmento de jovens mulheres vegetarianas poderá estar em risco de deficiência, devido à sua preferência por uma dieta composta primariamente de frutos, legumes e grão.
Gravidez e amamentação:
A dieta ovolactovegetariana é capaz de assegurar um aporte nutricional adequado durante a gravidez e amamentação, mas será necessário uma atenção particular à dieta vegetariana pura, particularmente em relação à ingestão calórica total, de ferro, vitamina B12, cálcio e vitamina D.
Infância:
Apesar do receio em relação a possível compromisso nutricional em crianças vegetarianas, existe pouca evidência de qualquer rebate físico ou intelectual nestas crianças.
Normalmente, as crianças vegetarianas puras pesam menos e são ligeiramente mais pequenas que os controlos não vegetarianos, mas o crescimento tende a decorrer de forma normal, com um equilíbrio entre os dois grupos a ocorrer por volta dos 10 anos.
Mais uma vez, deverá ser prestada particular atenção a alguns itens essenciais devido à sua implicação direta no crescimento e desenvolvimento, como sejam a vitamina D, o cálcio, o ferro e a vitamina B12.
Adolescência:
Nesta fase da vida mantém-se a atenção particular aos nutrientes descritos acima, já que esta é ainda uma fase crucial de desenvolvimento e crescimento do indivíduo.
Idade adulta e velhice:
A dieta vegetariana pode ser adotada na idade adulta como veículo da tentativa de perder peso, diminuir o risco de doença ou como parte de uma opção terapêutica para o controlo de uma patologia existente.
Foram descritos alguns casos de níveis baixos de vitamina D em idosos vegetarianos, bem como estados nutricionais marginais de ferro e zinco.
Um aporte nutricional adequado de vitamina D nas mulheres idosas vegetarianas é essencial para manter uma adequada densidade mineral óssea e a sua ingestão, combinada com uma adequada exposição solar, deve ser assegurada.
Importante saber:
Devido a alterações da absorção, o risco de deficiência de vitamina B12 aumenta com a idade; possivelmente, no caso dos vegetarianos, devido à redução das reservas desta vitamina, esta manifestação poderá manifestar-se mais cedo; portanto deverá prestar-se particular atenção a esta situação.
Conclusão:
Parece demonstrado o possível benefício da dieta vegetariana em determinadas patologias, nomeadamente hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes mellitus tipo 2 e obesidade, todos fatores de risco de doença cardiovascular; este fato, associado à tendência demonstrada pelos vegetarianos para menor incidência de tabagismo, contribui para a significativa diminuição da morbilidade e mortalidade cardiovascular nesta população.
A adoção da dieta vegetariana comporta, contudo, alguns riscos; estes riscos são particularmente relevantes nos vegetarianos puros, onde o risco de carência de determinados tipos de nutrientes é maior.
O risco é particularmente elevado em nutrientes predominantemente encontrados em produtos de origem animal, como a vitamina B12 e a vitamina D. As crianças filhas de mulheres vegetarianas puras que amamentam, como verificamos, são particularmente sensíveis a déficits nutricionais, pelo que é exigido um acompanhamento profissional rigoroso.
Referências:
Dieta e vegetariana – Nelson Pedro